Mas devemos ter consciência de nossa responsabilidade quanto à fabricação do sentido. Não cabe mais à mídia, não cabe à televisão, nem à imprensa, não cabe à universidade, nem ao partido ou ao Estado. Não cabe mais ao Senhor dizer qual o significado das coisas. Cabe a nós assumir a responsabilidade, fazer uma escolha e dizer: “É isto que nos interessa.” É o rumo que queremos tomar. E não exigir que os outros sigam o mesmo rumo. A escolha é nossa. Somos livres e os outros também são. E isso é muito difícil porque, desta vez, o sentido depende de nós. Sim. Depende de nós. É assim. Mas isso não apareceu com a internet. Neste exato momento posso ter uma infinidade de pensamentos diferentes. Por que tenho um e não outro? Posso me concentrar em seu olho. Posso achar fantástico como funciona a retina, as células fotossensíveis que ali estão, como isso funciona no sistema nervoso etc. Posso pensar na visão, não é? Posso olhar os cabelos desta senhora, achar que são lindos, que refletem a luz e tudo mais. Posso pensar que estamos na TV, na técnica, na comunicação… Tudo o que está ao meu redor é, de certa forma, um pequeno ponto e, se eu o seguir, há como um hipertexto atrás que se ramifica no infinito. A cada segundo, vivo essa situação. A cada segundo, posso decidir que rumo irá seguir a minha atenção, não é? É a situação em que estamos. Então, a internet é a descoberta dessa liberdade, porque a liberdade é o infinito, não é? É a descoberta da liberdade do ponto de vista social. Por isso, acho que é algo por demais importante. E não apenas um novo meio de vender coisas on-line. É muito mais que isso.