A ciência é uma disposição de aceitar os fatos mesmo quando eles são opostos aos desejos. Os homens refletidos talvez tenham sempre sabido que somos propensos a ver as coisas tal como as queremos ver, em vez de como elas são; contudo, graças a Sigmund Freud, somos hoje muito mais cônscios das deformações que os desejos introduzem no pensar. O oposto do “pensar querendo” é a honestidade intelectual – um predicado extremamente importante do cientista bem-sucedido. Os cientistas não são, por natureza, mais honestos que qualquer outro homem, mas, como indicou Bridgman, a prática da ciência coloca na honestidade um prêmio excepcionalmente alto. É característica da ciência que qualquer falta de honestidade acarreta imediatamente desastre. Considere-se, por exemplo, um cientista que conduza pesquisas para verificar uma teoria pela qual já se tornou bem conhecido. O resultado pode confirmar sua teoria, contradizê-la ou deixá-la em dúvida. A despeito de qualquer inclinação em contrário, ele deve comunicar uma contradição tão rapidamente quanto o faria com uma confirmação. Se não o fizer, alguém o fará em questão de semanas, meses ou, quando muito, de uns poucos anos – e isto será mais prejudicial ao seu prestígio do que se ele próprio o tivesse relatado. Onde o certo e o errado não são tão fácil e rapidamente reconhecidos, não há uma pressão similar. A longo prazo, a questão não é tanto de prestígio pessoal, mas de procedimento eficiente. Os cientistas simplesmente descobriram que ser honesto – consigo mesmo tanto quanto com os outros – é essencial para progredir. Os experimentos nem sempre dão o resultado que se espera, mas devem permanecer os fatos e perecer as expectativas.