Hei de edificar a vasta vida
que mesmo agora é teu espelho:
toda manhã hei de reconstruí-la.
Desde que te afastaste,
tantos lugares se tornaram inúteis
e sem sentido, como
luzes no dia.
Tardes que foram nicho de tua imagem,
músicas em que sempre me esperavas,
palavras daquele tempo,
eu hei de quebrá-las com minhas mãos.
Em que profundezas esconderei minha alma
para que não enxergue a tua ausência
que como um sol terrível, sem ocaso, brilha definitiva e impiedosa?
Tua ausência me cerca
como a corda no pescoço.
O mar em que naufrago.
Alguém diria que o suicídio, devolveria a liberdade ao ausente. Quem sabe simulando o suicídio do ausente a luz volte a iluminar o dia.